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Comunicação Interna

Tendências na comunicação com empregados

Por: Isabela Pimentel30/set/2015
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A Comunicação Integrada conversou, com exclusividade, com os especialistas Bruno Carramenha, Thatiana Cappellano e Viviane Mansi sobre as principais tendências na comunicação com os empregados nos dias de hoje.O trio acaba de lançar mais um livro sobre  o assunto, incluindo temas hiper atuais, como o uso do Whatsapp e outras mídias.

Para além da mera transmissão de mensagens, a comunicação interna aproxima-se cada vez mais da gestão estratégica das organizações.

Com foco no colaborador, a comunicação interna possibilita maior interação entre a organização e seus funcionários, motivando-os e fazendo-os sentir-se parte da empresa. Estratégica, ela possibilita o diálogo e  troca de informações entre todos os níveis hierárquicos.

Como o público interno é o principal disseminador da imagem da empresa (são os embaixadores da marca), é preciso que ele seja considerado prioritário no desenvolvimento das políticas de comunicação,  permanentemente ouvido e consultado, para que as ações realizadas sejam eficazes e fortaleçam a misssão, visão e valores. Confira a entrevista na íntegra:

1- Quais as principais tendências na comunicação com os empregados?

Bruno Carramenha: Se posicionar e ser uma área que ajuda na tomada de decisão da gestão das organizações. Cada vez mais, percebo empresas que param efetivamente para ouvir os empregados e balizam suas decisões com base no que emerge deste público. Uma área de comunicação bem estruturada se responsabiliza por isso.

Thatiana Cappellano: Acredito que qualquer resposta aqui é meramente empírica. Não temos muitos estudos formais sobre as tendências na área. Mas algumas coisas vão sendo apontadas naturalmente. Eu arriscaria dizer que algumas áreas ou saberes deverão estar presentes de forma mais articulada na práxis da comunicação com empregados. Numa dimensão estratégica, a Cultura Organizacional, articulada aos saberes da Antropologia, do Contemporâneo, da Psicanálise, é uma.Isto porque, não dá mais para pensar a Comunicação com Empregados desarticulada da Cultura Organizacional (uma cria e alimenta o desenvolvimento da outra e vice versa).

Já numa dimensão bem tática, a questão da gamificação surge num horizonte de médio prazo. O gamificar aqui não deve ser entendido somente como “digitalizar ações lúdicas”. Não. Aqui estou falando de entender as lógicas dos jogos, a estrutura psíquica e comportamental por trás dos jogos e por ai vai. Nesse sentido, temos que começar a entender como gamificar o ambiente e as práticas de natureza offline. E, por fim, num exercício de futurologia (risos), acho que no longo prazo a Comunicação com Empregadosdeverá começar a trafegar (diretamente ou de forma tangencial) com a Gestão do Conhecimento e a Memória Empresarial.

Viviane Mansi: As tendências em comunicação com empregados giram em torno de buscar conteúdo mais relevante, que faça sentido para as pessoas e para a empresa. Ainda na linha de buscar conteúdo, vale mencionar o cuidado cada vez maior das empresas em ouvir as pessoas e criar histórias a partir dos referenciais dos próprios empregados. Comunicação de liderança é outra tendência. O líder cada vez mais é percebido como um elo primordial na jornada de criar confiança entre empresa e empregado. Temas como bom planejamento e medição de resultado, por sua vez, não saíram da pauta.

2- O que mudou na tradicional “comunicação interna”?

Bruno Carramenha: A área surgiu para dar conta de demandas ferramentais das empresas. E vem cumprindo bem esse papel, mas as pessoas, por sua característica social, têm demandado cada vez mais seus espaços de fala nas relações, têm buscado sentido em tudo que fazem. E ser passivo em uma relação de emprego não faz mais sentido. As pessoas querem falar, mas principalmente querem ser ouvidas. Querem trabalhar num ambiente em que seu trabalho seja valorizado, em que seja respeitada. O que mudou foram as pessoas e a empresa – as mudanças na comunicação são reflexos disso.

Thatiana Cappellano: Tudo (risos)! Absolutamente tudo, a não ser seu caráter vital para a existência de um ambiente de relacionamento saudável dentro das organizações. O principal ponto “de virada” é esse novo olhar, que evolui o entendimento daquilo que chamávamos de comunicação interna (o fluxo de informações dentro de uma empresa) para o entendimento de que aquilo que é feito é uma comunicação com o empregado (ou seja, com um sujeito – aqui nominalmente determinado – que pode estar dentro ou fora dos muros da organização).

 Viviane Mansi: A comunicação não pode mais ser chamada de interna. Por conta das redes sociais (mas não somente delas), o que acontece dentro da empresa pode rapidamente sair dela. Em alguns casos isso é bom, pois reforça a reputação da empresa. Em outros casos, pode ser um desastre, especialmente se a experiência envolvendo os empregados entrar em choque com a expectativa da sociedade (trabalho digno, ético, relevante, respeitoso).

3- Qual o principal objetivo do livro?

Bruno Carramenha: Reunir visões abrangentes e complementares sobre as principais temáticas da comunicação com empregados. Por isso buscamos profissionais com perfis bem distintos, mas que gostam e estudam o tema. E conseguimos produzir uma obra diversa e múltipla, como são as empresas, como é o nosso trabalho. Mas, mais do que isso, compreensiva, ao meu ver.

Thatiana Cappellano: Desde o lançamento do nosso primeiro livro – “Comunicação com Empregados: a comunicação interna sem fronteira”, que carinhosamente chamamos de livro vermelho – nosso objetivo é promover uma reflexão mais crítica sobre a disciplina, de uma maneira que a prática da profissão possa ser cada vez mais estratégica e eficaz. Para isso, entendemos que é preciso articular os saberes da Comunicação com outras diversas disciplinas (novamente, a Antropologia, a Sociologia, a Psicanálise, a Filosofia, a Semiótica, as que parecem mais óbvias, mas também a Biologia, a Geografia, a Linguística entre outros).

Um pouco por isso, evoluímos para o segundo livro – “Ensaios sobre Comunicação com Empregados: múltiplas abordagens para desafios complexos”, chamado de livro verde – convidando muitos outros autores (profissionais e acadêmicos com backgrounds bem diversificados) para ampliar as reflexões sobre a Comunicação com Empregados. Assim, resumindo, o objetivo das nossas obras é contribuir para a evolução crítica, teórica e prática, da disciplina até então chamada de Comunicação Interna.

Viviane Mansi: O principal objetivo do livro verde é ampliar a visão sobre comunicação interna. Nosso livro vermelho (o primeiro que escrevemos juntos, cujo título é Comunicação com Empregados: a comunicação interna sem fronteira) tratou de trazer as bases para um bom planejamento. Trata-se de um livro para começar a lidar com o assunto, criar musculatura no tema. Dessa vez, a gente amplia roda de conversa para ouvir diferentes experiências, de gente muito competente, sobre diferentes formas de lidar com a comunicação com empregados. É um livro mais denso.

4- Quais os principais meios de comunicação interna, seguindo as novas tendências de mídias digitais?

Bruno Carramenha: Os principais meios de comunicação interna são aqueles que funcionam para cada empresa. Pode ser desde o WhatsApp (uma ferramenta gratuita) a uma rede social proprietária, complexa e cheia de funcionalidades – ele será bom se ajudar a organização em questão a cumprir seus objetivos e oferecer um ambiente adequado para os empregados.

Thatiana Cappellano: Com certeza temos, nesse momento histórico, um grande paradigma que é o WhatsApp. Ele tem surgido nas organizações de uma forma avassaladora (pudera! ele já surgiu com toda essa força na sociedade em geral). Fizemos recentemente uma pesquisa para entender de que forma essa tecnologia está impactando no ambiente da comunicação interna informal e, o que posso garantir, é que temos um enorme desafio pela frente. A agilidade que o WhatsApp nos impõe, enquanto comunicadores, é enorme. Além dele, claro, há muitas outras coisas: permanece o desafio das redes internas, da gamificação e tudo o mais que o digital permite.

Viviane Mansi: O empregado hoje está mais aberto a dialogar. Todas as iniciativas – presenciais ou digitais – que permitem a troca de opiniões, dúvidas, preferências e afetos tendem a crescer em importância.

5- Como lidar com a pluralidade de públicos nos veículos de comunicação interna?

Bruno Carramenha: Precisamos parar de tratar o público interno como massa. Nem todo mundo precisa das mesmas informações, com o mesmo nível de profundidade o tempo todo. Pensar público interno em uma lógica de segmentação ajuda a lidar com essa pluralidade.

Thatiana Cappellano: É imprescindível que o público interno seja muito bem compreendido e, assim, classificado. E a classificação não pode se resumir ao um olhar de estratificação meramente geográfico (por unidades) ou hierárquico (por tipo de cargo). Isto porque, muitas vezes, empregados em diferentes cargos e unidades precisam de uma mesma informação, no mesmo tempo, independente de cargos. É o que eu chamo de entender e classificar o público interno de acordo com a necessidade ou interesse de informação. Sem isso, a comunicação interna não é estratégica e corre o enorme risco de se tornar inócua, não atender a ninguém.

Viviane Mansi: É importante refletir sobre as necessidades de cada um deles. Se temos esse olhar atento, assim como já fazemos para nossas audiências externas, certamente nossa comunicação dentro de casa ganha qualidade.

6- Quais as tendências para se comunicar com o publico da geração y?

Bruno Carramenha: A geração Y já ocupa cargos de liderança nas empresas. Ela já está respondendo a essa pergunta na prática, na tomada de decisões. O conflito de gerações sempre irá existir. Podemos ajudar os empregados, líderes e subordinados num processo de compreensão do outro a partir do entendimento de prioridades pessoais e profissionais.

Thatiana Cappellano: Diálogo, participação e colaboração. Acho que essas são as características da comunicação que tem chances de funcionar com o perfil da geração Y. E, claro, agilidade, muita… e verdade! Complicado, né? Pois é, é um desafio. Costumo dizer que temos que entender que a comunicação interna não pode ser “sólida” frente a um empregado que é “líquido” (fazendo aqui uma analogia com a teoria do Bauman). É preciso construir sentido para essa geração, é isso que eles buscam, e é esse o papel da comunicação interna.

Viviane Mansi: Rapidez, abertura, sinceridade. A geração Y quer ver sentido nas coisas. No fundo, acho que todo mundo quer ver sentido nas coisas, mas a geração y trata dessa questão de forma aberta. Hierarquia aqui vale menos. O líder que inspira vale mais.

Texto: Isabela Pimentel

Imagens: Getty Images, Met Walpaper, Divulgação.

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